Sonhar é essencial, mas para muitas pessoas negras, seguir seus sonhos é uma jornada cheia de obstáculos.
Na primeira infância queremos ser médicos, astronautas, veterinárias, pilotos, artistas e etc, mas com o passar dos anos, nós (pretos), vamos tomando consciência de nossa realidade e esses sonhos vão ficando cada vez mais distantes.
Por vezes já falei que não tive tempo de sonhar e realmente não tinha.
Sou filha de mãe solo, que fugia de um ex marido violento e que cuidava de duas crianças sozinha.
Eu cresci achando que ter um emprego – seja ele qual for, já estava bom demais.
Depois, até quis ser secretária, mas isso já era sonhar alto, porque exigia conhecimento em computação (que eu nunca fiz), falar bem e ser considerada bonita. Pessoas pretas não eram vistas como pessoas bonitas, né? E até hoje… enfim, falamos disso numa outra coluna.
A sociedade tem um papel importante em tentar tornar o mundo um lugar mais igualitário, onde todos deveriam poder sonhar.
Hoje, sou Advogada, Educadora e Miss, bem além do que eu imaginava. Eu sei o poder que a educação tem, porque ela me trouxe até aqui.
No ano passado comemoramos 10 anos da Lei de Cotas e ela ajudou muitos negros a chegarem na universidade, embora ainda tenhamos muitos desafios no mercado de trabalho.
Já ouviram aquela história que uma pessoa negra precisa ser 20 vezes melhor para tentar competir com uma pessoa branca? Infelizmente ela é real. Mas hoje, muitos sonhos podem ser sonhados – especialmente aqueles que dependem de curso universitário.
Pretos e pretas, sonhem e ensinem seus filhos a acreditarem nos sonhos deles também; mesmo que muitas vezes pareça difícil, é possível!
Eu ainda tenho um sonho (entre muitos outros): que a luta antirracista possa permitir que cada vez mais pessoas pretas consigam sonhar; afinal, sonhar não deveria ser um privilégio, mas sim um direito!
E você preta, preto, qual é (ou era) seu sonho? ✊🏾
💎 Texto produzido por Fernanda Ribeiro, Miss Plus Size Alto Tietê 2023, para o especial #MêsDaConsciênciaNegra da #Página VIP
