Entrevista com Alexandra Braga

Mulher trans, mogiana e atual Eterna Queen – Ícone LGBTQIA+ do Alto Tietê, conheça a história de Alexandra Braga.

 

Trajetória

Abandonei os estudos na adolescência por conta da transfobia. Já tinha traços transgêneros, mas não se falava disso naquela época. A escola também não entendia, não tinha consciência de que eu era “diferente”. Fizeram me sair da escola por causa do preconceito.
Sou filha de um padeiro (falecido) e uma faxineira, pessoas simples e preconceituosas que também me abandonaram. Me vendo sozinha, abracei a noite, as madrugadas dessa cidade. Fiquei na prostituição durante dez anos. Infelizmente, existe uma cultura estrutural que leva as mulheres trans para a prostituição. É o único lugar em que a sociedade “nos aceita”.
Enquanto vivia na noite, conheci o Alex, um homem cisgênero (que não é trans), com quem sou casada há 25 anos. Para mim, o amor foi peça fundamental para o recomeço. Dessa vez, no lugar do preconceito, encontrei o acolhimento. Voltei para a escola, onde minha identidade foi respeitada e concluí o ensino médio. O objetivo era se tornar psicóloga, mas uma bolsa de estudos me fez conhecer minha vocação e me formei em Pedagogia, pós graduei em Psicopedagogia e neste ano me graduo em Assistência Social.

 

Militância

Após minha redesignação genital e retificação do meu nome judicialmente, participei do quadro Lata Velha no programa Caldeirão do Huck, o que me deu notoriedade nacional e despertou em mim uma militância que eu não reconhecia. A partir dali, junto com um grupo de pessoas LGBT+, fundamos a Associação Fórum Mogiano LGBT+ que atua em Mogi das Cruzes há 10 anos na defesa e garantia das políticas públicas para essa população. Buscamos uma sociedade onde pessoas LGBTQIA+ tenham direitos fundamentais como qualquer outro cidadão.
E fundamos a Parada do Orgulho LGBT+ de Mogi das Cruzes, que este ano vai para sua 7ª edição.

 

Planos

Sou mulher trans, militante das causas LGBTQIA+, professora e quero mudar de profissão. Sou apaixonada pela área do ensino, porém, sei que posso contribuir mais nos serviços socioassistenciais. Meu objetivo é atuar em instituições que forneçam auxílio para vítimas de LGBTfobia. Crimes desse tipo ocorrem com frequência na cidade, mas faltam ações, denúncias e acolhimento das vítimas.
Como Assistente Social quero ser a voz por dignidade dessas pessoas, realizando um trabalho humanizado às demandas vulneráveis. Sendo eu vítima da exclusão, quero ter a oportunidade de incluir todas as pessoas invisíveis em uma sociedade igualitária e justa.

 

Legado

Hoje entendo meu papel na sociedade, porque vivi pra chegar até aqui e é por isso que hoje estou no serviço social. É aqui que vou ter uma abertura maior para defender a minha vida e a vida de outras pessoas transexuais e travestis. E por saber que um dia irei embora desta terra, quero deixar fixado a necessidade da população LGBTQIA+ se engajar nas lutas por direitos fundamentais por sua vida quanto as próximas gerações. Vamos juntos fazer uma sociedade por mais respeito e menos preconceito.

 

Eterna Queen

Já sofri toda violação dos meus direitos humanos. Hoje, aos 47 anos, com minha dignidade restaurada e na defesa dos direitos LGBT+, ter o reconhecimento da Página VIP como Ícone LGBTQIA+ do Alto Tietê me trás a certeza de que caminhei pela trajetória certa e que de alguma forma pude oferecer dignidade aos LGBTs que atendi. Portanto, sou grata por essa homenagem que me dá força para continuar na luta contra a transfobia.

Alexandra Braga

 

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